Festival em Foco: Porto Alegre em Cena
- Observatório dos Festivais
- 1 de ago. de 2014
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de fev. de 2022
Atingindo a maioridade o Porto Alegre Em Cena, Festival Internacional de artes cênicas de Porto Alegre, realiza sua 21° edição este ano. Criado a partir de um pedido do Sated (Sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos de diversões) ao, então prefeito da cidade, Társio Genro, a primeira edição teve apenas três meses para ser organizada. A frente da direção e curadoria do POA em Cena desde o início Luaciano Alabarse lembra da primeira edição: “foi uma correria, uma doidera total.”, diferente de hoje que o festival é pensando o ano inteiro “Hoje a equipe aprendeu. O que antes era claramente uma aposta, uma incógnita hoje é um fato consolidado.” reflete.
De um pequeno festival, o POA em Cena se transformou em um dos maiores representantes do formato no país e um dos mais aguardos eventos da agenda de Porto Alegre. Apesar das transformações e amadurecimentos naturais que 21 anos de trajetória trouxeram ao Em Cena, Alabarse orgulha-se em falar que a ideia central se manteve: criar diálogos e trocas com os vizinhos latino-americanos. “Não há, rigorosamente, nenhum grande ator latino-americano, principalmente do Uruguai da Argentina, que não tenha vindo a Porto Alegre, inclusive a cidade conhece o trabalho de muitos deles antes mesmo de obterem o reconhecimento mundial, como o caso do Daniel Veronese, que era um nome relativamente desconhecido quando começou a frequentar o Em Cena.”
Orgulho e satisfação também marcam a fala do coordenador quando as lembranças perpassam os momentos mais marcantes da história do festival “Peter Brook tinha vindo uma vez ao Brasil e foi para dar uma palestra em São Paulo. Ele nunca tinha vindo, e só Deus sabe por que, apresentar um espetáculo no Brasil. O Le costume foi a primeira peça dele aqui. Foi um acontecimento espetacular.” relembra o curador sobre a vinda do grupo do diretor inglês em 2000. Marcante também foi a presença do grupo francês Théâtre du Soleil, de Ariane Mnouchkine, com Os Náufragos da Louca Esperança, em 2011. “Imagina ter de construir uma cartoucherie aqui no centro de Porto Alegre? Foram momentos realmente inesquecíveis pela grandeza.”
Dentro das características que não mudaram com o passar dos anos uma dificuldade se mantém: o patrocínio. O trabalho de convencer os patrocinadores de que a cidade comporta um evento desse porte e envergadura é contínuo constata Alabarse, “O mito dos patrocínios começa todo ano. A gente vai até a montanha, carrega a pedra, tem de fazer tudo de novo, sabe? Me sinto o exemplo maior desse mito.” Apesar das dificuldades o coordenador ressalta que construiu sim algumas parceria longevas, que permitiram, por exemplo, que ele traga sete espetáculos argentinos para a próxima edição do festival, que acontece de 04 à 22 de setembro.
Além dos sete espetáculos argentinos, o coordenador destaca a presença do norte-americano Tim Robbins com o espetáculo Sonhos de uma noite de verão em comemoração aos 450 anos de Shakespeare. “Além de ator, Tim Robbins tem um trabalho paralelo de direção. Ele tem uma trajetória muito digna, muito artisticamente relevante e pra mim esse é um grande destaque internacional do Em Cena este ano.” Já para o tradicional concerto de abertura a atração será a cantora de fado portuguesa Mísia, com o espetáculo São 3, onde interpreta três compositores brasileiros (Lupicínio Rodrigues, Dorival Caymmi e Cartola) sob a direção de Adriana Calcanhoto. “Eu sempre espero muito a participação da Adriana no festival, desde a primeira edição ela sempre vem, e nas palavras dela mesma porque o Em Cena não é um festival de teatro, de dança ou de música, é um festival de palco. A gente mistura tudo com muito orgulho!
A programação completa do Porto Alegre em Cena você acompanha em www.portoalegreemcena.com.
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